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quinta-feira, 9 de maio de 2013

O jornal “Binômio”

Fonte: Mídia Alternativa e Net Wise
Primeira edição do Jornal Binômio

A primeira edição do jornal Binômio foi para as bancas no dia 17 de fevereiro de 1952, na capital de Minas Gerais, Belo Horizonte. Idealizado pelos jornalistas José Maria Rabêlo e Euro Arantes, o jornal prometia balançar as estruturas da conservadora família mineira.
Com um toque de humor, o jornal era recheado de denúncias políticas, charges e crônicas. Tudo começou em uma conversa na redação do antigo Informador comercial, que hoje é chamado de Diário do Comércio, quando Rabêlo e Arantes, inconformados com a imprensa palaciana e oficialista de Minas Gerais, resolveram criar um jornal. 


José Maria Rabelo segurando as edições do jornal Binômio
Ambos jornalistas já tinham experiência em redações. Arantes havia trabalhado em jornais críticos da cidade de Ubá, interior de Minas Gerais. Já Rabêlo, na cidade de Alfenas, também interior de MG, participou de movimentos estudantis, teatro e fazia alguns trabalhos na imprensa.

A ideia do jornal era boa, mas os jornalistas estavam sem verba para executá-la. No entanto, o projeto ficou pouco tempo fora do papel, pois logo os jornalistas foram procurados por deputados da oposição com a mesma ideia. Desta forma, esses deputados entraram com o dinheiro, e Rabêlo e Arantes, com o trabalho de jornalistas. 


O nome do jornal foi escolhido quando decidiram que o então governador do estado Juscelino Kubitschek seria o primeiro alvo do jornal. JK tinha como lema de governo a frase “Binômio Energia e Transporte”, que era extremamente divulgada nos meios de comunicação. Desta forma, para contrapor e afrontar o governador, nomearam o jornal de “Binômio Sombra e Água Fresca”, que com o tempo, se tornaria apenas “Binômio”.




O Jornal Binômio virou fenômeno na pacata cidade de Belo Horizonte, e vendeu quase 60 mil exemplares. Passaram pela redação jovens jornalistas e chargistas no início de suas carreiras, entre eles Roberto Drummond e Ziraldo. O jornal estourou quando publicou uma matéria que tinha como título ”Juscelino foi a Araxá e levou Rolla”. A notícia era sobre uma viagem de JK a Araxá, em companhia de Joaquim Rolla. Porém, leitores do Binômio entenderam que a manchete punha em dúvida a masculinidade de JK.

Por sua coragem, a redação do Binômio acabou pagando um preço bem alto. O jornal publicou uma matéria intitulada “Democrata hoje, fascista ontem”, que fazia referência ao então comandante do exército de Minas Gerais, João Punaro Bley. A matéria revelava que Plunaro Bley tinha um lado obscuro e fascista em sua história. Após a repercussão da matéria, Plunaro Bley manda 200 homens cercearem a redação e destruírem a sede do Binômio. 

O Binômio resistiu por mais alguns meses. Porém, com o Golpe Militar em 1964, o jornal fecha sua portas por completo, depois de 12 anos de sua criação. E seu criador, juntamente sua esposa, foi obrigado a correr o mundo num exílio que duraria 16 anos.  









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